6 de outubro de 2009

Competitividade do Brasil numa economia de baixo carbono

Participamos nesta semana da série Diálogos Itaú de Sustentabilidade, cujo tema foi “Mudanças climáticas: competitividade do Brasil numa economia de baixo carbono”. Simon Zadek, da AccountAbility, fez uma introdução contrapondo crescimento econômico ao cenário das mudanças climáticas – o qual demanda urgência de ação.
Apontou a necessidade de redução de 17Gt de carbono nas emissões globais até 2020 para evitar o aumento da temperatura terrestre. Afirmou ser possível fazer tal mudança e a custos relativamente baixos (até €100 bilhões/ano), colocando como possibilidades de uma economia de baixa emissão de carbono o desenvolvimento de negócios voltados à eficiência dos setores de energia e agrícola.

Após apresentar os casos de iniciativas no sentido de baixas emissões de carbono na China, México, Índia e Reino Unido, destacou a necessidade do Brasil identificar oportunidades e caminhos a serem tomados – de adaptação, mitigação ou ambos rumo ao baixo carbono. Como oportunidades para o crescimento com baixas emissões no Brasil, Marcus Frank, da McKinsey Brazil, apontou o etanol e a geração de energia a partir de biomassa (por exemplo pellets de madeira), além do reflorestamento e da redução de desmatamento (REDD).

Marcelo Battisti, do Banco Itaú BBA, complementou tal ponto de vista exaltando a importância da conscientização do produtor rural e o aumento da produtividade agrícola e, no setor energético, o incentivo ao uso de energias renováveis. Ricardo Young, do Instituto Ethos, apontou a democracia como um ponto vulnerável para o crescimento com baixas emissões ao comparar os exemplos da China – crescimento rápido através de tecnologias “verdes” e políticas públicas – e dos Estados Unidos, onde, até agora, não se chegou a nenhum acordo de mudanças climáticas em âmbito nacional devido ao forte envolvimento de lobistas atuando contra. Destacou, como alternativa para essa questão, a criatividade para engendrar novas formas de organização social. Comentou também o fato do Brasil estar “na contramão” devido à ausência regulatória e de posicionamento do Governo “nesse momento de grandes mudanças no setor produtivo para adaptação e mitigação das mudanças climáticas”.

Podemos dizer que o ponto em comum entre os palestrantes foi a necessidade de um acordo global consistente, que forneça aos países em desenvolvimento apoio financeiro e acesso ao mercado mundial (ausência de barreiras tarifárias e prática de comércio justo), para que uma política efetiva de mudanças climáticas possa ser atrelada ao crescimento econômico. Aliado a este acordo, a regulação institucional e a conscientização do consumidor são agentes de grande importância em escala nacional.

Por fim, discutiu-se as expectativas para a Conferência de Copenhague e a sua importância como fator mundial decisivo no âmbito das mudanças climáticas. Na mesma direção do debate desse evento, algumas empresas brasileiras recentemente lançaram um documento onde se comprometem a reduzir as suas emissões de carbono visando a combater as mudanças climáticas.

Para saber mais sobre isso leia nosso post Mudanças climáticas: empresas assumem compromisso de reduzir emissões.

(por Gabriela Amorozo)

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