21 de abril de 2024

Estudo do Banco Central revela que menos da metade das instituições financeiras gerencia o risco climático de transição

Recentemente o Banco Central divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF). Com foco nos principais riscos e na resiliência do sistema financeiro nacional, o REF apresenta o panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no país.

Nessa nova edição do REF, o BC divulgou a pesquisa anual, referente a 2023, para identificar as percepções das instituições financeiras sobre os efeitos de riscos climáticos na estabilidade financeira. Das 100 instituições convidadas, 83 responderam à pesquisa (correspondendo a 77% dos ativos totais da amostra). Em relação ao ano anterior, a pesquisa revela aumento da preocupação das instituições financeiras sobre os potenciais efeitos dos riscos climáticos sobre o sistema financeiro. A seguir destacamos alguns dos principais resultados dessa pesquisa.

Apesar de o impacto relatado de eventos climáticos em 2023 ter sido muito baixo nas instituições, numa visão de mais longo prazo devem ganhar relevância os riscos físicos decorrentes de secas, escassez de recursos naturais e desertificação. Tais riscos geram danos aos ativos e processos produtivos, perdas e aumentos de custos para as empresas.

Por sua vez, os riscos climáticos de transição decorrem dos custos adicionais de adaptação dos processos produtivos e dos modelos de negócio a novos requisitos legais e regulatórios voltados a promover a transição para uma economia de baixo carbono. Esse processo de transição pode gerar mudanças nas preferências de consumo das pessoas e impor barreiras de mercado.

Portando, ambos os riscos climáticos, físicos e de transição, ameaçariam o sistema financeiro devido ao potencial crescimento da inadimplência das empresas decorrente do aumento de seus custos. Apesar disso, chama a atenção o fato de apenas 42% das instituições financeiras afirmarem que os riscos climáticos de transição fazem parte de seu gerenciamento de risco. E apenas 19% fazem avaliações desse risco para um horizonte de longo prazo.

As instituições financeiras ressaltam a importância da disponibilização de bases de dados com informações que possibilitem a análise dos impactos de riscos climáticos de uma maneira padronizada e mais ampla. Nesse sentido, vem em boa hora a consulta pública que o Banco Central está realizando para estabelecer requisitos quantitativos padronizados associados aos riscos e oportunidades climáticos e tornar sua divulgação anual obrigatória no Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos (GRSAC) das instituições financeiras. A conferir as novas normas decorrentes dessa consulta e o aprimoramento da gestão dos riscos climáticos nas instituições financeiras.

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