4 de setembro de 2018

Parceria entre Bunge, Santander e The Nature Conservancy quer financiar soja sem desmatar o Cerrado

Uma empresa global do agronegócio – Bunge, um banco – Santander Brasil e uma organização ambientalista do terceiro setor - The Nature Conservancy (TNC) anunciaram no último mês de agosto que criaram um mecanismo de financiamento inédito para produtores de soja no bioma do Cerrado brasileiro. Tal mecanismo oferecerá empréstimos de até dez anos aos produtores de soja que se comprometerem a não desmatar ou converter a vegetação nativa do Cerrado. Atualmente, a maioria dos empréstimos destinados ao plantio da safra de soja são de curto prazo, menos de um ano. 


De 2001 a 2017 a produção de soja no Brasil triplicou, e o Cerrado recebeu muito dessa expansão em áreas de vegetação nativa. E, considerando as previsões de crescimento da produção de soja até 2027, será necessário contar com mais áreas extensas de plantação nesse bioma. Esse novo mecanismo de financiamento busca atender à crescente demanda mundial por soja produzida de forma mais sustentável, indo além do básico cumprimento das leis e regulamentos socioambientais. Empresas tradings de commodities e de bens de consumo também se comprometeram com o fornecimento de soja e seus derivados livre de desmatamento, mas até agora pouco havia sido feito para incentivar os próprios agricultores.

O mecanismo de financiamento contará inicialmente com US$ 50 milhões. Assim que se confirmar sua viabilidade financeira e ambiental deverá ganhar escala com outros investidores e produtores.

Vale lembrar que em outubro de 2016, em decisão inédita, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, órgão de fiscalização do Ministério do Meio Ambiente, multou o banco Santander em R$ 47,5 milhões por financiar o plantio de grãos em áreas de proteção ambiental da Amazônia. Nessa mesma ocasião, o Ibama também multou tradings de commodities e outras empresas que atuam na cadeia produtiva do agronegócio (veja o nosso post ‘Em decisão inédita, Ibama multa Santander por financiar áreas protegidas da Amazônia’).

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