Recentemente o Banco Central divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF). Com foco nos principais riscos e na resiliência do sistema financeiro nacional, o REF apresenta o panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no país.
Nessa nova edição do REF, o BC
divulgou a pesquisa anual, referente a 2023, para identificar as percepções das
instituições financeiras sobre os efeitos de riscos climáticos na estabilidade
financeira. Das 100 instituições convidadas, 83 responderam à pesquisa (correspondendo
a 77% dos ativos totais da amostra). Em relação ao ano anterior, a pesquisa
revela aumento da preocupação das instituições financeiras sobre os potenciais
efeitos dos riscos climáticos sobre o sistema financeiro. A seguir destacamos alguns
dos principais resultados dessa pesquisa.
Apesar de o impacto relatado
de eventos climáticos em 2023 ter sido muito baixo nas instituições, numa visão
de mais longo prazo devem ganhar relevância os riscos físicos decorrentes de secas,
escassez de recursos naturais e desertificação. Tais riscos geram danos aos
ativos e processos produtivos, perdas e aumentos de custos para as empresas.
Por sua vez, os riscos
climáticos de transição decorrem dos custos adicionais de adaptação dos
processos produtivos e dos modelos de negócio a novos requisitos legais e
regulatórios voltados a promover a transição para uma economia de baixo carbono.
Esse processo de transição pode gerar mudanças nas preferências de consumo das
pessoas e impor barreiras de mercado.
Portando, ambos os riscos
climáticos, físicos e de transição, ameaçariam o sistema financeiro devido ao potencial
crescimento da inadimplência das empresas decorrente do aumento de seus custos.
Apesar disso, chama a atenção o fato de apenas 42% das instituições financeiras
afirmarem que os riscos climáticos de transição fazem parte de seu gerenciamento
de risco. E apenas 19% fazem avaliações desse risco para um horizonte de longo
prazo.
As instituições financeiras ressaltam
a importância da disponibilização de bases de dados com informações que
possibilitem a análise dos impactos de riscos climáticos de uma maneira
padronizada e mais ampla. Nesse sentido, vem em boa hora a consulta pública que
o Banco Central está realizando para estabelecer requisitos quantitativos
padronizados associados aos riscos e oportunidades climáticos e tornar sua
divulgação anual obrigatória no Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais,
Ambientais e Climáticos (GRSAC) das instituições financeiras. A conferir as
novas normas decorrentes dessa consulta e o aprimoramento da gestão dos riscos
climáticos nas instituições financeiras.