A Network for Greening the Financial System – NGFS, rede mundial de bancos centrais e
autoridades supervisoras do setor financeiro, que reúne 66 membros, incluindo o
Banco Central do Brasil, acaba de lançar dois interessantes estudos: o NGFS
Climate Scenarios e o Guide to Climate Scenario Analysis for Central Banks and
Supervisors. Ambos estudos objetivam disponibilizar uma estrutura metodológica acessível
e clara para converter cenários climáticos em análises macrofinanceiras.
O primeiro estudo estabelece os cenários climáticos
de referência da NGFS, na qual são apresentados tanto os impactos físicos
(perda de bens), como os de adaptação decorrentes das alterações no clima. O
segundo estudo fornece aos bancos centrais orientações práticas de como analisar
cada cenário a fim de melhor avaliar os riscos climáticos para a economia e o
sistema financeiro. Os cenários fornecem uma base para análises financeiras e
econômicas, podendo ser utilizados não apenas pelos bancos centrais, mas também
por instituições financeiras e empresas desejosas de gerenciar sua exposição
aos riscos climáticos.
Ao lançar esses estudos, os bancos centrais
reconhecem que estudar o aquecimento global tornou-se cada vez mais importante
para as autoridades monetárias, pois surgiram evidências nos últimos anos de
que temperaturas mais altas têm implicações profundas em como a economia
funciona - à medida que desastres relacionados ao clima ocorrem com mais
frequência e empresas e consumidores se adaptam a tecnologias mais sustentáveis.
Entre as recomendações que a NGFS propõe aos
seus membros destacam-se: considerar os possíveis efeitos da mudança climática para
além do horizonte das suas atuais políticas; estudar o impacto do aquecimento
global na gestão de riscos; procurar conhecimento sobre questões que
normalmente estão fora de suas atribuições naturais; e aprimorar suas
estratégias de comunicação visando aumentar a conscientização sobre os riscos
climáticos, melhorar as práticas de gerenciamento de riscos e promover pesquisas
onde novos focos de risco forem identificados.
A
publicação dos dois novos estudos ocorre justamente quando grandes investidores
institucionais globais, referindo-se ao aumento do desmatamento, alertam o
governo brasileiro que não irão tolerar condutas que atentam contra os padrões
ambientais, sociais e de governança – ASG em suas decisões de investimento no
país. Nesse sentido, caberia ao Banco Central do Brasil,
conjuntamente com as instituições financeiras, promover uma ampla discussão
para revisão da Resolução 4.327/2014 a fim de fortalecer as diretrizes de
gestão de riscos ASG, particularmente do risco climático, e buscar
fomentar produtos financeiros voltados à economia de baixo carbono e de menor
consumo de recursos naturais.
Acesse aqui o NGFS Climate Scenarios
Acesse aqui o Guide to Climate Scenario Analysis