Foi com essa afirmação que o prof. José Eli da Veiga iniciou a mesa redonda para lançamento do livro Energia Nuclear do anátema ao diálogo. Realizado ontem, esse evento contou com as palestras dos co-autores do livro: prof. Leonam dos Santos Guimarães, a favor da opção nuclear; e prof. José Goldemberg, no contraditório. O assunto atrai ainda mais a atenção, após o acidente na usina nuclear de Fukushima e as notícias sobre contaminação por radiação no Japão.
O prof. Leonam iniciou a sua palestra falando justamente sobre esse acidente. Ele afirmou que apenas uma, de quatro usinas nucleares na região atingida pelo terremoto de 9 graus na escala Richter, seguido do tsunami, não resisitiu ao impacto desses eventos. Segundo ele, isso é um sinal de que a alternativa da energia nuclear é segura. As mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de carbono, a volatilidade do preço do gás natural e a necessidade dos países obterem segurança energética estão provocando a retomada da construção de usinas nucleares: atualmente de 45 a 52 usinas estão em construção em 14 países, incluindo a usina de Angra 3 aqui no Brasil. Segundo o prof. Leonam, somente três países no mundo têm reservas de urânio e tecnologia para utilizá-lo em larga escala para fins energéticos: Estados Unidos, Rússia e Brasil. Ao concluir, ele defendeu a opção “água+átomo” como o par perfeito para o suprimento de energia no Brasil.
Para o prof. Goldemberg a tragédia nuclear no Japão vai dar um impulso nos investimentos em energia renovável em todo o mundo. Ele acredita que investir no aumento da capacidade de energia nuclear não seria a solução para o suprimento de energia no Brasil, onde há outras opções, destacando a de biomassa entre outras. Ele disse que quando Angra 3 ficar pronta, a energia gerada será menor que o potencial de produção de energia do bagaço de cana. Ele aposta mais no par “biomassa+água”, acreditando que ainda há muito potencial hidroelétrico para ser aproveitado. Há ainda espaço para a eficiência energética. Rebatendo a premissa utilizada em projeções oficiais de demanda de energia, Goldemberg afirmou que hoje não há mais uma vinculação entre crescimento do PIB e consumo de energia elétrica por causa do uso mais eficiente de energia.
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