30 de março de 2011

O que é desenvolvimento sustentável?

A pergunta é boa, mas ninguém sabe o que é, disse Sérgio Besserman, economista e ambientalista, em sua palestra de ontem promovida pelo portal Planeta Sustentável. Ele também integra o comitê organizador da Rio+20, que ocorrerá em 2012, com o tema desenvolvimento sustentável, economia verde e combate à pobreza. A Rio+20 é também a Estocolmo+40, quando houve a primeira formulação do conceito de desenvolvimento sustentável: suprir as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas.


Segundo Besserman, a nossa relação com o planeta mudou a partir da Revolução Industrial britânica. Toda a explosão econômica ocorrida a partir daí, apesar de ter provocado desigualdades, foi boa para a humanidade. Prova disso seria o aumento da expectativa de vida. A partir da Revolução Industrial, surgem as primeiras agressões ambientais. Inicialmente de forma localizada: poluição do ar na cidade de Londres. Depois, ganhando escala regional, continental e transcontinental. Agora as agressões são planetárias. Besserman identificou seis delas: 1) desertificação e perda da qualidade dos solos; 2) buraco na camada de ozônio; 3) escassez de recursos hídricos – água doce; 4) degradação / acidificação dos oceanos; 5) crise da biodiversidade; e 6) mudanças climáticas. A respeito dessas agressões, leia o nosso post “Aquecimento global provocará profundas mudanças na humanidade, afirma Besserman”.

Dessas agressões ambientais globais, as mudanças climáticas é a mais grave, profunda e urgente. Ela é fator das demais agressões. Não podemos atingir o limite do perigo: que o aquecimento global supere 2ºC. Esse limite, contudo, já teria sido transposto, segundo Besserman. E prognosticou que já não haveria como não aquecer menos de 2ºC, sendo mais provável que aqueça em torno de 3ºC. A população mais pobre do planeta e as empresas são as mais afetadas pelo aquecimento. Os mais pobres não têm recursos para se proteger. As empresas enfrentarão uma significativa mudança nos preços relativos dos bens e serviços que produzem. O que está nas mãos da Rio+20 é evitar que o aquecimento, num horizonte de 100 anos, ultrapasse 6ºC, disse Besserman.

Na Rio 92 a discussão foi isolada: crescimento da economia de um lado e questões ambientais de outro. A expectativa de Besserman é que a Rio+20 seja a Praça Tahir do desenvolvimento sustentável, onde esses dois temas sejam discutidos de forma inseparável e com grande participação da opinião pública mundial.

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