O Banco Central do Brasil (BC) acaba de divulgar o novo Relatório de Estabilidade Financeira (REF). Esse relatório é uma publicação semestral do BC que apresenta o panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil, com foco nos principais riscos e na resiliência do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Desse REF destacamos o capítulo no qual o BC apresenta o
resultado da simulação de implantação de taxa de carbono para fazer face ao
risco climático (risco de transição decorrente de alteração regulatória). O BC
simulou dois cenários de elevação gradual dos custos das emissões para todos os
setores da economia, iniciando em 2025 e atingindo os valores de USD$ 50
(Cenário de Transição 1) e USD $100 (Cenário de Transição 2) por tonelada emitida
em 2030. Entre os setores que mais emitem Gases de Efeito Estufa, as Instituições
Financeiras (IF) estão mais expostas aos setores agropecuário, indústrias de
transformação e transportes.
Segundo a referida simulação, o impacto no capital das IF seria
limitado, em razão da exposição moderada que elas possuem nos setores mais
afetados pela taxação do carbono. As perdas para as IF ficariam concentradas, principalmente,
nos setores de indústrias de transformação, construção e transportes devido ao
aumento dos ativos problemáticos desses setores. Os setores agropecuário e de
transportes apresentam as maiores reduções no valor adicionado quando comparado
ao cenário sem imposição da taxa de carbono. Contudo, a elevada exposição das
IF ao setor agropecuário não se traduz em impactos equivalentes, por exibir
menor proporção de ativos problemáticos quando comparado aos demais setores
econômicos.
Será interessante acompanhar os próximos resultados dessa
simulação do BC, sobretudo em relação ao setor agropecuário que vem sendo alvo
de restrições comerciais internacionais como, por exemplo, a recentemente
anunciada por redes varejistas francesas de não comprar carne produzida no
Brasil.
Confira aqui em detalhes os critérios e resultados da
simulação de implantação de taxa de carbono.