O Observatório
do Clima, rede que reúne entidades da sociedade civil com o objetivo de
discutir a questão das mudanças climáticas no contexto brasileiro, acaba
de lançar em seu site na Internet o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito
Estufa – SEEG. O SEEG é uma plataforma de informações que permite consultar
dados sobre diferentes setores de atividades e sobre as emissões de Gases de
Efeito Estufa – GEE - do Brasil do período de 1990 a 2012.
Ao lançar o SEEG, o Observatório do Clima objetiva garantir a
disponibilidade de informações a respeito das emissões brasileiras de GEE de
modo consistente ao longo do tempo, qualificando e difundindo o debate sobre a questão
climática na sociedade civil. Essa questão está hoje intimamente ligada a
florestas, com foco no desmatamento. À medida que disponibiliza informações sobre
as emissões de GEE por cinco grandes setores de atividades: Agropecuária, Mudanças
do Uso da Terra, Processos Industriais, Energia e Resíduos e, respectivamente,ao
abrir dados por subsetores e categorias, o SEEG pretende ampliar a conscientização
das pessoas sobre a questão climática por meio do viés do consumo. É o caso,
por exemplo, quando se pega o setor de Resíduos, subsetor Tratamento de
Efluentes e categoria Cervejas: o total de emissões brutas de GEE, em toneladas
de carbono equivalente (CO2e), aumentou de 1,03 bilhão, em 1990, para
3,8 bilhões, em 2012, ou um crescimento de 267%.
A evolução das emissões brasileiras durante esses 22 anos
analisados pelo SEEG, passou de um total de 1,39 bilhão t CO2e, em
1990*, para 1,48 bilhão t CO2e, em 2012, um aumento de 7%. No mundo,
no mesmo período, as emissões cresceram 37% e passaram de 38 para 52 bilhões t
CO2e. Devido aos altos e baixos verificados no setor de
Mudanças de Uso da Terra e Florestas, onde são computadas as emissões relativas
ao desmatamento, os totais brasileiros variaram muito, tendo alcançado o seu
maior pico em 2004, com 2,9 bilhões de t CO2e. Desde então os totais
vêm caindo, acompanhando a expressiva queda do desmatamento da Amazônia, tendo
atingido o total de 1,5 bilhão de t CO2e em 2012, a menor
quantidade de gases-estufa em 20 anos (7% acima das emissões de 1990).
Quando considerada a evolução de cada um dos cinco setores
separadamente, porém, verifica-se queda de emissões (de 42% entre 1990 e 2012)
apenas no setor de Mudanças de Uso da Terra, enquanto nos demais setores há uma
tendência nítida de aumento das emissões, com forte pressão do setor de
Energia, cujo incremento no período chegou a 126%. Nos setores de Processos
Industriais e Resíduos, as emissões aumentaram respectivamente 65% e 64% e, no
setor Agropecuário, a alta registrada foi de 45%.
Alguns outros destaques de dados da plataforma SEEG: o setor do agronegócio (produção agropecuária, queima de combustíveis fósseis para energia no setor e boa parte das emissões por mudança de uso do solo) representa 60% das emissões totais. As emissões do setor de Energia, entre 2011 e 2012, cresceram 13%, principalmente pelo uso de termelétricas e subsidio da gasolina, bem acima do crescimento do Produto Interno Bruto – PIB, significando que o país ficou menos eficiente energeticamente. Já o setor industrial, se incorporadas as emissões para geração de energia e resíduos, chega a 19% do total, contra 5,4%, quando se consideram apenas os processos industriais específicos. O setor de transportes representa em torno de 14% do total das emissões, ainda que parte disso atenda às demandas da agropecuária e da indústria. A maioria das emissões do setor de transportes decorre do uso de óleo diesel no transporte de carga.
A expectativa é de que o SEEG leve conhecimento técnico aos
diferentes grupos da sociedade civil, incentivando-os a adotar iniciativas que
visem a redução das emissões brasileiras e a inserir o tema das mudanças
climáticas nas políticas de desenvolvimento do país. O SEEG
disponibilizará estimativas anuais das emissões de GEE sempre nessa época do
ano.
* data de partida do Primeiro
Inventário de Emissões do Brasil
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