Participamos na semana passada da série Diálogos Itaú de Sustentabilidade, cujo tema foi “a imagem do Brasil no exterior”. Foram escolhidos dois setores-chave para a economia do país como exemplo para discutir o seu posicionamento internacional: a cadeia produtiva da soja e o setor sucroenergético. Silio Boccanera, correspondente da imprensa brasileira no exterior, fez uma introdução falando sobre a melhora que houve na imagem do país após o fim da ditadura.
No entanto, apontou uma visão, comum a diversos países, do Brasil como um país que não se preocupa com o meio ambiente – opinião esta agravada ultimamente com a publicação do relatório do Greenpeace sobre o desmatamento na Amazônia para criação de gado. Na opinião do jornalista “só com políticas públicas e melhora no fluxo de informações seremos capazes de reverter a fama de devastadores da Amazônia”, sob pena de evitar prejuízos para a imagem do país e para a atividade econômica, com destaque para o setor do agronegócio exportador.
Em seguida, Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), apresentaram as principais iniciativas de seus respectivos setores visando a tornar o agronegócio mais sustentável. Ambos destacaram dois pontos centrais semelhantes: a necessidade de coibir o desmatamento da floresta amazônica e de melhorar as condições de trabalho.
O representante da Abiove afirmou que a chamada "moratória da soja" foi um aprendizado de sucesso para a cadeia produtiva da soja. De acordo com ele, a preocupação com a repercussão internacional da denúncia de que o plantio da soja causa o desmatamento na Amazônia, foi o ponto de partida para que ONGs, agricultores e fabricantes de óleos vegetais iniciassem um processo de diálogo. Isso resultou na decisão da Abiove de não comprar soja dos produtores que derrubam a floresta para plantar.
Com relação ao setor sucroenergético, o presidente da Unica destacou o compromisso assumido com o governo do estado de São Paulo de aderir ao Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro, pelo qual o setor se compromete com a proteção das matas, conservação dos recursos hídricos e mecanização da produção com requalificação dos trabalhadores que perderem seu emprego por conta do processo.
As iniciativas apresentadas pela Abiove e pela Unica são exemplos de que é possível desenvolver o agronegócio com preservação e conservação do meio ambiente. Em ambos os casos, porém, é necessário que os programas sejam ampliados para os demais biomas, como o Cerrado, não se restringindo apenas à Amazônia. Medidas como essa seriam fundamentais para evitar a possível imposição de barreiras comerciais internacionais.
(Gabriela Amorozo colaborou neste post)
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